Desapego
A tua ausência gela os contornos molhados do meu rosto. Aqui jaz minha alma, adormecida e recostada num grito incapaz de te tratar pelo nome. Pois seu eu consegui ver, no fundo dos teus olhos, o infinito, porque não olhaste na minha pele a leveza do teu toque? Calma, que eu já vou indo. Vou indagando o quanto custará fazer-te feliz... mas vou indo. Vou contando os trocos que restam no meu peito, para conseguir andar o resto do caminho. Para onde me leva ele? Para mais um beco, certamente. Tu já lá vais, ao fundo da rua. Pergunto-me se me levas contigo algum dia, pendurada no teu pensamento como penduras o porta-chaves no fecho da mochila. Para mim nunca partiste. Foi o destino que te arrancou. Foi ele que separou as nossas mãos que ferviam de tanta força com que se agarravam. E que agora secam porque não têm por onde beber. A tua frieza aquece o vazio do meu ser... Porque pelo menos ela existe... Ser frio não é ser nada. É deixar morrer o que a vida juntou. É suplicar p